segunda-feira, 19 de setembro de 2011
Acordar Viver
Como acordar sem sofrimento?
Recomeçar sem horror?
O sono transportou-me
àquele reino onde não existe vida
e eu quedo inerte sem paixão.
Como repetir, dia seguinte após dia seguinte,
a fábula inconclusa,
suportar a semelhança das coisas ásperas
de amanhã com as coisas ásperas de hoje?
Como proteger-me das feridas
que rasga em mim o acontecimento,
qualquer acontecimento
que lembra a Terra e sua púrpura
demente?
E mais aquela ferida que me inflijo
a cada hora, algoz
do inocente que não sou?
Ninguém responde, a vida é pétrea.
Svegliarsi Vivere
Come svegliarsi senza sofferenza?
Ricominciare senza orrore?
Il sonno mi ha trasportato
in quel regno in cui non esiste vita
e io resto inerte senza passione.
Come ripetere, giorno dopo giorno dopo giorno,
la fiaba senza finale,
sopportare la somiglianza dei fatti aspri
di domani ai fatti aspri di oggi?
Come proteggermi dalle ferite
con cui mi dilania l’accadimento
qualsiasi accadimento
che ricorda la Terra e la sua porpora
demente?
E poi quella ferita che mi infliggo
ad ogni istante, carnefice
dell’innocente che non sono?
Nessuno risponde, la vita è petrosa.
(traduz. di Tiziana Tonon)
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
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