segunda-feira, 5 de setembro de 2011

DIONISOS DENDRITES.

DIONISOS DENDRITES

Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas
Ramos nascem de seu peito
Pés percutem a pedra enegrecida
Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.

Acorre o vento ao círculo demente
O vinho espuma nas taças incendiadas.
Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços
Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas
E o vaticínio do tumulto à Noite -
Chegada do inverno aos lares
Fim de guerra em campos estrangeiros.

As bocas mordem colos e flancos desnudados:
À sombra mergulham faces convulsivas
Corpos se avizinham à vida fria dos valados
Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio,
Sussura a noite e os risos de ébrios dançarinos
Mergulham no vórtice da festa consagrada.

E quando o sol o ingênuo olhar acende


Um secreto murmúrio ata num só feixe
O louro trigo nascido das encostas.


Dora Ferreira da Silva
de Hídrias (Odysseus, 2004), prêmio Jabuti de poesia em 2005.

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